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Saúde e Bem-estar

O mirtilo na saúde e bem-estar

Benefícios do Mirtilo para a Saúde

Os mirtilos são efetivamente um dos frutos com maior valor nutritivo conhecido. Isto porque contêm: hidratos de carbono, açúcar e fibra dietética.

Além disso, os mirtilos são uma excelente fonte de vitaminas A, B, C, E e K, bem como de potássio, cálcio, magnésio e fósforo.

Devido aos seus elevados teores em antocianinas o mirtilo está no topo dos alimentos com maior poder antioxidante.

Contém também taninos, ácido málico, tartárico e elágico.

Uma porção de 100g contém:

Myrtillus – Mirtilo com inovação

Com o objetivo de criar produtos funcionais a partir do mirtilo e seus subprodutos surge, em parceria com várias entidades, o projeto Myrtillus.   
Este projeto visa a valorização do fruto (fresco e processado, com base na sua caracterização biológica – com enfoque nos compostos polifenólicos antioxidantes) e  os seus subprodutos convertendo-os em produtos de elevado valor acrescentado. Neste processo foram também assegurados estudos de eficácia e segurança, complementados com estudos de biodisponibilidade. Os produtos desenvolvidos  tiveram como base o próprio fruto fresco ou preservado através de congelação, secagem ou produção de uma gama de compotas, extractos ou polpas de mirtilo e ainda formulações para tisanas, com base em misturas de folhas e frutos secos ou extractos de mirtilo e infusões de folhas e frutos secos.
Entidades envolvidas:
  • Escola Superior de Biotecnologia da Católica do Porto 
  • Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
  • Faculdade de Medicina da Universidade do Porto 
  • AGIM
  • Mirtilusa- Sociedade de produtores Horto-frutícolas 
  • Frulact- Indústria Agro-alimentar S.A.
  • Ervital- Plantas Aromáticas e Medicinais Lda. 
  • Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

Co-financiamento: QREN 

Consumo de Mirtilo e os efeitos nas doenças neurológicas

Os declínios do desempenho motor e cognitivo acompanham o envelhecimento normal do corpo humano (Joseph et al., 2005). Estes declínios estão amplificados em doenças neuro-degenerativas relacionadas com a idade, tais como, a esclerose lateral amiotrófica, a doença de Alzheimer ou doença de Parkinson (de Rijk et al., 1997; Ascherio et al., 2005; Maxwell et al., 2005; Dai et al., 2006). De acordo com a teoria dos radicais livres do Dr. Denham Harman, o envelhecimento é o acumular de danos oxidativos nas células e tecidos ao longo do tempo. Desta forma, tem sido sugerido que os défices comportamentais e neuronais observados na população idosa são o resultado do aumento da vulnerabilidade aos danos provocados pelos radicais livres (Floyd, 1999; Martin et al., 2002). Esta teoria tem fomentado muitas investigações ao nível dos componentes polifenólicos presentes nas frutas e vegetais, já que exibem potentes atividades antioxidantes e anti-inflamatórias. Portanto, uma suplementação rica em frutas e vegetais pode ser benéfica tanto na prevenção como na reversão dos efeitos deletérios do envelhecimento sobre a comunicação neuronal e comportamental (Youdim et al., 2004; Joseph et al., 2005).

O cérebro é particularmente suscetível ao stress oxidativo, pelas seguintes razões: utiliza cerca de 20% do consumo total de oxigénio; é rico em ácidos gordos poliinsaturados prontos a sofrerem peroxidação; possui níveis muito baixos de enzimas endógenas antioxidantes, como, por exemplo, a catalase, a superóxido dismutase e a glutationa peroxidase; possui níveis elevados de ferro e ascorbato, sendo estes os principais catalisadores da peroxidação lipídica; exceto algumas regiões restritas do cérebro, as células neuronais são pós-mitóticas e tendem a acumular o dano oxidativo (Beckman & Ames, 1998; Gilissen et al., 1999; Savory et al., 1999).

Joseph et al. (1999) verificaram que em ratos suplementados com mirtilo ocorreu uma reversão dos défices relativos à idade, avaliados por vários parâmetros neuronais e comportamentais. Num outro estudo em que utilizaram também ratos como modelo animal, mas sendo estes transgénicos para a doença de Alzheimer, demonstraram que os suplementados com mirtilo obtiveram um grande aumento de desempenho relativamente aos ratos de controlo (Joseph et al., 2003). Os níveis da proteína cinase regulada por sinais extracelulares (ERK) e da proteína cinase C foram elevados nos ratos suplementados com mirtilo o que leva a justificar o aumento do desempenho destes ratos com alterações nas vias de sinalização (Joseph et al., 2003). Além disso, as duas enzimas referidas são muito importantes na mediação da função cognitiva, especialmente a conversão da memória de curto-prazo para longo-prazo (Micheau & Riedel, 1999; Mazzucchelli et al., 2002). Shukitt-Hale et al. (2003) realizaram um estudo de forma a poder consolidar o mecanismo apresentado anteriormente, no qual correlacionaram os comportamentos dos ratos suplementados com mirtilo e as alterações induzidas em eventos de sinalização. E, de facto, os resultados obtidos sugerem que o desempenho motor está ligado ao aumento da via da sinalização neuronal.

De forma a dissecar outro mecanismo possível subjacente ao efeito benéfico do mirtilo sobre o desempenho dos ratos, estes também foram testados quanto à sua memória de trabalho. Os resultados indicaram que houve um aumento da plasticidade do hipocampo e do desempenho cognitivo, através de mecanismos envolvendo também a neurogénese, apesar de esta capacidade ir diminuindo ao longo do envelhecimento (Casadesus et al., 2004).

Em suma, de acordo com os estudos apresentados, a suplementação com mirtilo pode atenuar o envelhecimento cerebral e o declínio no desempenho comportamental relacionado com a idade dos roedores. A suplementação com mirtilo confere protecção significativa contra os decréscimos no desempenho e também induz a libertação factores em circulação que proporcionam protecção contra estímulos como o stress oxidativo (Duffy et al., 2008).

Adaptado de: JESUS Tiago, 2013